Como identificar corretamente os aromas do vinho

26 de March de 2024

Como identificar corretamente os aromas do vinho

Você já comprou um vinho pelos aromas descritos no rótulo, mas quando tomou não conseguiu senti-los? Esta história é muito mais comum do que pensamos. Provavelmente isso já aconteceu com todos nós alguma vez. Mas para isso não acontecer de novo ou para a próxima vez não ser tão frustrante, deixamos aqui algumas ferramentas. 

Você precisa saber que, por um lado, muitos descritores são subjetivos ou imprecisos. E que, por outro, nossa habilidade para identificar aromas está estritamente relacionada com a nossa memória. Como vamos identificar notas de lichia se nunca provamos uma? A boa notícia é que existem várias maneiras de treinar a memória e o nariz. A mais fácil e rápida, que você pode colocar em prática agora mesmo, é se conscientizar dos aromas ao seu redor a cada momento. Comece a prestar mais atenção no seu sentido do olfato quando estiver comprando frutas ou verduras, utilizando condimentos ou, inclusive, caminhando ao ar livre. Identifique os aromas e guarde-os na memória com o nome deles. Treinar o nariz é uma prática infalível que, além disso, vai aumentar paulatinamente a sua sensibilidade. Depois, você também pode colocar em prática os seguintes conselhos: 

Consulte o seu “banco de aromas” quando estiver tomando um vinho 

Depois de ter registrado os aromas na mente, é recomendável incorporar outros novos. Isto é, se você ainda não provou lichia, mas tem acesso a uma, prove ou sinta seu cheiro. E assim com outros aromas. A fase seguinte é, então, percorrer esta “base de dados” que você tem na mente enquanto estiver tomando um vinho. Se for um branco como o Casillero del Diablo Sauvignon Blanc, você pode começar lembrando de aromas de frutas cítricas (como limão siciliano, limão-taiti e tangerina) ou ervas (como alecrim e tomilho). Se for um vinho tinto como o Marques de Casa Concha Pinot Noir, lembrando de frutas vermelhas (como framboesa, morango e cereja) ou negras (como amora, mirtilo e ameixa), e assim ir vendo se tem algum aroma no vinho que seja parecido com eles. Um conselho que eu sempre dou é imaginar que você abre o refrigerador: identifique tudo o que tem nele (desde o leite e a manteiga até frutas, verduras frescas, sucos e alimentos cozidos) e, um por um, veja se algum desses aromas aparece no vinho. 

Inale delicadamente! 

Para ajudar o vinho a expressar seus aromas e ajudar você a detectá-los, faça o vinho girar na taça criando um redemoinho. Com isso ele vai entrar melhor em contato com o oxigênio e vai se expressar melhor. Em seguida, cheire. Mas, e isso é muito importante, sempre cheire com delicadeza. Se não, o seu nariz vai ficar inundado pelos aromas fortes e voláteis do álcool. 

Para mim, a forma que dá mais certo é fazer inalações muito curtas e delicadas. No entanto, para algumas pessoas dá mais certo alternar inalações curtas com outras mais longas e lentas. Aplicando esta técnica com o Terrunyo Carménère, por exemplo, os primeiros aromas que aparecem são as frutas negras (ameixa, mirtilo); depois, um pouco de notas florais como violeta, especiarias e um toque de chocolate. Mas lembre-se de que é possível que este vinho faça você lembrar de outros aromas que não mencionei. 

Treinar com um kit de aromas 

Treinar a nossa capacidade de reconhecer aromas requer prática. E como dizem, a prática leva à perfeição. É para isso que servem os kits de aromas. Porque, apesar de podermos exercitar em casa ou no dia a dia ao nos conscientizarmos do nosso olfato, uma forma muito mais clara é fazer isso com esta ferramenta interessante que oferece os aromas já identificados em um pequeno frasco. Existem várias alternativas no mercado, mas a minha favorita, de longe, é o Nez du Vin (O nariz do vinho). São 54 aromas elaborados após misturar extratos e essências de vinho feitas por um perfumista francês. São ideais para fazer degustação às cegas e brincar de identificá-los. Além disso, inclui material visual como cartões e um grande livro que detalha com precisão cada aroma, por que ele aparece no vinho, a molécula equivalente, bem como uma extensa lista das regiões e dos vinhos específicos nos quais ele é encontrado. Não é barato, mas se você realmente aprecia o universo do vinho, este kit poderia ser para você.